18 de setembro de 2025
Dispositivos Amazon Alexa: Echo Dot e Echo Show
Paulo Victor Jabour Tannuri Valverde de Morais conta de forma bem-humorada como a Alexa e sua filha bagunçaram seu Spotify, transformando seu algoritmo em uma máquina de músicas infantis. A experiência serve de metáfora para mostrar como o marketing digital sem contexto pode afastar usuários em vez de engajá-los.

Sempre me considerei um cara organizado com minhas playlists do Spotify. Tinha a trilha perfeita para trabalhar, outra para treinar e até uma para cozinhar. Tudo ia bem… até que resolvi compartilhar a conta com a Alexa da minha casa.

No começo, parecia uma boa ideia: minha filha e a babá poderiam pedir músicas direto por comando de voz. Mas foi aí que o desastre começou. A Alexa virou praticamente uma DJ infantil de festa de aniversário. Resultado: o algoritmo do meu Spotify concluiu que eu virei um entusiasta profissional de Galinha Pintadinha, Mundo Bita e canções de desenho.

Hoje, encontrar minhas músicas preferidas virou um esporte radical. E confesso: de tanto sofrer com recomendações erradas, voltei a ouvir rádio. Sim, rádio — aquele mesmo que eu achava ultrapassado.

O algoritmo não entendeu nada

Na cabeça do Spotify, eu sou um adulto que adora cantarolar musiquinhas de criança. O Instagram, que adora se meter em tudo, também começou a me mostrar anúncios e conteúdos relacionados a esse universo. Me transformei no alvo perfeito de publicidade infantil sem nunca ter pedido isso.

E aí está a ironia: a tecnologia sabe o que eu cliquei, mas não sabe quem eu sou de verdade. Dados sem contexto não criam personalização, criam frustração.

Quando o marketing vira perseguição

Quem nunca pesquisou um tênis e passou três meses sendo perseguido por banners de tênis em todo lugar? É exatamente isso: o marketing digital mal feito transforma interesse em incômodo.

Comigo, o efeito foi tão desastroso que, em vez de aumentar meu uso do Spotify, fez o contrário: eu desliguei o aplicativo e redescobri o prazer de girar o dial da rádio.

Lições desse caos musical

Essa história é engraçada, mas traz lições sérias para empresas e profissionais de marketing:

  1. Contexto é tudo – só porque eu ouvi cinco vezes “Borboletinha” não significa que abandonei Foo Fighters.
  2. Menos é mais – personalização não pode virar perseguição.
  3. Experiência conta mais que dados – se a experiência é ruim, o consumidor pula fora.
  4. Tecnologia sem propósito é barulho – e ninguém quer barulho no ouvido.

Conclusão

No fim, minha filha ficou feliz com suas músicas, a babá também. Mas eu, que só queria ouvir minhas playlists, virei refém de um algoritmo sem noção.

E é exatamente isso que muitas empresas fazem sem perceber: usam dados para perseguir em vez de conquistar. O marketing digital deveria ser como uma boa trilha sonora — encaixa no momento certo, na medida certa. Quando exagera, vira ruído.

Se até eu, que vivo comunicação todos os dias, fugi para o rádio por causa de uma experiência mal aplicada, imagina o consumidor comum. A lição é simples: tecnologia deve servir às pessoas, e não transformar Foo Fighters em Galinha Pintadinha.

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